Ciclo Questões Práticas 2021
Outros Projectos
"Amanhã não há Arte" com Carla Filipe (artista plástica) + conversa com Pedro Dourado (curador e produtor cultural)
29 de Maio, Sábado, 15:00
Biblioteca Municipal José Régio - Vila do Conde [google maps]
[Acesso gratuito, inscrição prévia]
“Modos de produzir e ampliar discurso e fricções” com Marta Lança (editora do BUALA, programadora e investigadora independente)
“Museu Pessoal” com Gisela Casimiro (escritora, artista e activista)
19 de Junho, Sábado, 15:00
Teatro Municipal de Vila do Conde (Salão Nobre) [google maps]
[Acesso gratuito, inscrição prévia]
“Ensaio de decifração de um enigma: A poesia dramática é a causa finalis da vida humana e do mundo (Goethe)” com Maria Filomena Molder (filósofa, professora e investigadora)
25 de setembro, Sábado, 14:30-17:30
Teatro Municipal de Vila do Conde [google maps]
Inserida no programa do 17.º Circular Festival de Artes Performativas
[Bilhetes disponíveis em Setembro]
"Amanhã não há Arte"
Carla Filipe + conversa com Pedro Dourado
Numa primeira parte farei uma breve incursão sobre programas que ilustram a ideia de "curadoria aberta". "Para nós, por nós: produção cultural africana e afrodiaspórica em debate" (2018), com Raquel Lima; "Terra Batida", com Rita Natálio: uma rede de arte e ciência sobre conflitos socioambientais (com residências de pesquisa e apresentações no Festival Alkantara); o ciclo "Sou esparsa e a liquidez maciça: gestos de liberdade" (Maat, 2020) e o projecto "ReMapping Memories Lisboa-Hamburg, Lugares de Memória (Pós)coloniais" (Goethe Institut, 2021).Na segunda parte, desenvolvo alguns pontos sobre a plataforma BUALA, ativa desde 2010. Na vontade de expandir linguagens na produção de conhecimento, o BUALA articula o discurso académico com a vertente jornalística e artística (e as suas diversas interpretações e visualidades). Ferramenta de pesquisa, a acessibilidade e informalidade fazem parte da sua história e prática de trabalho. Almejamos a hospitalidade incondicional da proposta de Derrida, abrindo “as portas a cada um e a cada uma, a todo e a qualquer outro, a todo o recém-chegado, sem perguntas, mesmo sem identificação, de onde quer que viesse e fosse quem fosse”. Ao escolher a palavra BUALA (bwala em quimbundo e lingala, faladas em Angola e nos Congos), destacamos o sentido de aldeia, familiaridade e construção de uma comunidade. Uma comunidade com lugares de enunciação plurais: de artistas, investigadores, jornalistas; reflexão descentralizada e colocada em diálogo, numa relação permanente entre local e global.
Este trabalho parte do projecto contínuo de construção de um Museu Pessoal povoado de (re)interpretações de obras de arte. A intenção desde o início foi ser, fazer, pensar e (re)definir a presença do corpo negro na arte, independentemente do estatuto social ou económico de quem a cria e consome, e de essa arte poder vir ou não a ter outro público que não a sua criadora e curadora. Um corpo racializado coloca-se a si mesmo num lugar de destaque na criação e gestão da sua narrativa para, a partir dali, ser visto e ouvido no caminho para a decolonialidade. Um “Museu Pessoal” em permanente transmutação, que toma forma sempre que necessário, ocupando de igual modo a galeria, a rua, o espaço privado e imaterial.
Marta Lança nasceu em Lisboa em 1976. Doutoranda em Estudos Artísticos, com formação em Estudos Portugueses, Literatura Comparada e Edição de Texto na FCSH-UNL. Os temas de pesquisa passam pelo debate pós-colonial, programação cultural, processos de memorialização, plataformas de discurso e estudos africanos. Criou várias publicações culturais, sendo editora do site BUALA desde 2010. Escreve para publicações em Portugal, Angola e Brasil e traduziu do francês livros de Maxence Fermine, Jacques-Pierre Amettea, Asger Jorn e Achille Mbembe. Em Luanda, lecionou na Universidade Agostinho Neto e colaborou com a I Trienal de Luanda, e em Maputo trabalhou no festival de documentário Dockanema. Como programadora organizou projectos como o ciclo dedicado a Ruy Duarte de Carvalho Paisagens Efémeras (Lisboa, 2015), com Raquel Lima, o ciclo Para nós, por nós: produção cultural africana e afrodiaspórica em debate (2018); programou o ciclo Sou esparsa e a liquidez maciça: gestos de liberdade (Maat, 2020) e, com Rita Natálio, o programa TERRA BATIDA: uma rede de arte e ciência sobre conflitos socioambientais (Festival Alkantara). Tem experiência em pesquisa e produção de cinema, sobretudo com a Terratreme filmes. Participou no grupo de consultores do Memorial às Pessoas Escravizadas (iniciativa da DJASS) e no grupo editorial do Glossário Afro-European Cartography of Culture, Language and Arts. É autora do livro infanto-juvenil Infinitas-pessoas-mais-uma (Tigre de papel, 2019), e coautora de FUTUROS CRIATIVOS Economia e Criatividade em Angola, Moçambique e Timor-Leste (Acep, 2019), organizou os livros Roça Língua (2015), Diálogos com Ruy Duarte de Carvalho (2018) e Este corpo que me habita (2014). Atualmente coordena o projecto "ReMapping Memories Lisboa-Hamburg, Lugares de Memória (Pós)coloniais", do Goethe Institut.
Gisela Casimiro nasceu na Guiné-Bissau em 1984. É escritora, artista e activista.Publicou Erosão (poesia) e fez parte de antologias como Rio das Pérolas e Venceremos! Discursos escolhidos de Thomas Sankara. Nos últimos anos escreveu crónicas regularmente para o Hoje Macau, Buala e Contemporânea. A sua obra fotográfica “Museu Pessoal” fez parte de mostras colectivas organizadas pela DJASS e pela Associação Portuguesa de Antropologia (Museu Nacional de Etnologia). Realizou no Armário a exposição de poesia visual "O que perdi em estômago, ganhei em coração", sob curadoria de Ana Cristina Cachola. Fez ainda parte da exposição colectiva “Four Flags” (Taffimai/Galeria Zé dos Bois), com curadoria de Luiza Teixeira de Freitas e Natxo Checa. Seguiu-se “Fazer de Casa Labirinto” na Balcony Gallery. Integrou também a exposição “Retrospectiva Retroescavadora”, do colectivo Estrela Decadente, na Casa do Capitão. Dirige o departamento de Cultura do INMUNE - Instituto da Mulher Negra em Portugal.
“Ensaio de decifração de um enigma: A poesia dramática é a causa finalis da vida humana e do mundo (Goethe)”
Maria Filomena Molder
Desde que encontrei esta frase de Goethe escrita a 3 de Março de 1785, algum tempo antes da sua viagem a Itália, numa carta à Senhora von Stein, não mais deixei de me bater com ela.
Nela observo uma compreensão do mundo e da nossa vida que não cede o lugar a nenhuma outra. Não que a vida humana e o mundo sejam teatro, mas eles formam tramas e tramas sobrepondo-se, agindo umas sobre as outras, criando personagens vários, cuja dramaturgia se engendra nas várias temperaturas das acções: caldarium, temperarium, frigidarium, como nas termas romanas. Assim o teatro move a vida humana e o mundo, ele é um atractor.
Alguns aspectos e autores que serão chamados à cena:
— o teatro como uma expressão do olhar para si própria de uma cultura: teatro e crise;
— a relação entre filosofia e tragédia (Platão e Aristóteles);
— o nascimento/origem da tragédia e o Trauerspiel (Benjamin e Nietzsche);
— ver a nossa própria vida como uma peça de teatro vista por alguém (Wittgenstein). Os jogos de linguagem como as formas dramáticas da nossa vida. Primeiro jogo: aprender a falar.
Maria Filomena Molder é Professora Catedrática de Estética na Universidade Nova de Lisboa. Doutoramento em 1992 sobre "O Pensamento Morfológico de Goethe" (IN-CM, 1995).
Editou "Paisagens dos Confins. Fernando Gil", 2009; "Morphology. Questions on Method and Language", 2013; e também "Rue Descartes" nº68, “Philosopher au Portugal Aujourd’hui", 2010. Publicou vários livros sobre a relação entre artes, poesia e filosofia. Alguns deles obtiveram o Prémio Pen-Clube para Ensaio ("Semear na Neve. Estudos sobre Walter Benjamin", 2000; "O Químico e o Alquimista. Benjamin Leitor de Baudelaire", 2012; "Dia Alegre, Dia Pensante, Dias Fatais", 2018); e o Prémio AICA ("Rebuçados Venezianos", 2017). Escreveu também para Catálogos de arte, sobretudo no contexto da arte portuguesa contemporânea, e sobre filosofia, arte e literatura para Revistas internacionais, como Análise, Internationale Zeitschrift für Philosophie, Sub-Rosa, La Part de l’Oeil, Rue Descartes", Gratuita, Europe, Cadernos Nietzsche, Lettre International, Electra, Diaphanes, Umbigo, Contemporânea.
29 de Maio, Sábado, 15:00
Biblioteca Municipal José Régio - Vila do Conde [google maps]
[Acesso gratuito, inscrição prévia]
“Modos de produzir e ampliar discurso e fricções” com Marta Lança (editora do BUALA, programadora e investigadora independente)
“Museu Pessoal” com Gisela Casimiro (escritora, artista e activista)
19 de Junho, Sábado, 15:00
Teatro Municipal de Vila do Conde (Salão Nobre) [google maps]
[Acesso gratuito, inscrição prévia]
“Ensaio de decifração de um enigma: A poesia dramática é a causa finalis da vida humana e do mundo (Goethe)” com Maria Filomena Molder (filósofa, professora e investigadora)
25 de setembro, Sábado, 14:30-17:30
Teatro Municipal de Vila do Conde [google maps]
Inserida no programa do 17.º Circular Festival de Artes Performativas
[Bilhetes disponíveis em Setembro]
Questões Práticas
O ciclo “Questões práticas” configura-se em torno de encontros, conversas e performances que pretendem dar a conhecer práticas de investigação, escrita, performance, pensamento e transmissão de conhecimento. Cada encontro funciona como um exercício de activação do imaginário social, poético e político dos participantes e dos convidados, procurando intersecções entre práticas artísticas e não artísticas. Organizado em torno de momentos separados no tempo, mas articulados entre si, este ciclo utiliza diferentes formatos de apresentação e protocolos de participação, promovendo o envolvimento e o cruzamento de públicos com interesses diversificados.
Coordenação Questões Práticas: Joclécio Azevedo
Iniciativa no âmbito do Programa Educativo da Circular Associação Cultural
O ciclo “Questões práticas” configura-se em torno de encontros, conversas e performances que pretendem dar a conhecer práticas de investigação, escrita, performance, pensamento e transmissão de conhecimento. Cada encontro funciona como um exercício de activação do imaginário social, poético e político dos participantes e dos convidados, procurando intersecções entre práticas artísticas e não artísticas. Organizado em torno de momentos separados no tempo, mas articulados entre si, este ciclo utiliza diferentes formatos de apresentação e protocolos de participação, promovendo o envolvimento e o cruzamento de públicos com interesses diversificados.
Coordenação Questões Práticas: Joclécio Azevedo
Iniciativa no âmbito do Programa Educativo da Circular Associação Cultural
"Amanhã não há Arte"
Carla Filipe + conversa com Pedro Dourado
Esta sessão tem como ponto de partida a exposição “Amanhã não há Arte” de Carla Filipe que decorreu entre Maio e Setembro de 2019 no Project Room do MAAT. A exposição dá continuidade à pesquisa de Carla Filipe em torno das estratégias visuais e gráficas utilizadas pelo discurso político, especificamente o cartaz reivindicativo. Este projeto apresenta um conjunto de símbolos e grafismos oriundos do discurso político pós-25 de abril de 1974, mas retirando-lhe toda e qualquer plasticidade manual. A bandeira é a forma escolhida para dar corpo às composições complexas, de grandes dimensões, onde repetições e variações dos elementos iniciais, recolhidos dos materiais gráficos das reivindicações políticas da história recente do país, subjugam e contradizem a sua própria origem e identidade. Filipe recorre a estas imagens superficialmente despolitizadas, ou às quais foi removida qualquer agência política, para se interrogar sobre o estatuto que o artista ocupa na configuração sociopolítica atual. Desprovida de capacidade reivindicativa individual e sem a força de um corpo coletivo que a apoie, a artista ameaça “Amanhã não há arte”, como uma tentativa de mobilização face aos desafios que a comunidade artística enfrenta.
Carla Filipe nasceu em 1973 na Póvoa do Valado. Vive e trabalha no Porto. Foi cofundadora dos espaços Salão Olímpico (2003-2005) e O Projecto Apêndice (2006), ambos no Porto. Em 2009, recebeu uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para uma residência nos Acme Studios, em Londres. Realizou também residências na AIR Antwerpen (Antuérpia, 2014), na Robert Rauschenberg Foundation (Captiva, Florida, 2015) e na Krinzinger Projekte (Viena, 2017). Tem apresentado o seu trabalho em várias exposições individuais, como “Amanhã não há Arte”, com curadoria de João Mourão e Luís Silva, no Maat, “da cauda à cabeça”, com curadoria de Pedro Lapa, no Museu Coleção Berardo, ambas em Lisboa, ou “Não fechar, voltamos todos os dias”, na Galeria de Arte Cinemática, Vila do Conde. Da sua participação em diversas exposições colectivas destacam-se nos últimos anos: “12 Contemporâneos – Estados Presentes”, Museu de Serralves, Porto (2014), “Mom, am i Barbarian?”, 13th Istanbul Biennial, Turquia (2013), “1813. Assedio, incendio y reconstrucción de Donostia”, Museo San Telmo de Donostia, San Sebastián (2013).
Pedro Dourado é natural de Coimbra (1992) e residente no Porto. Licenciado em Pintura pela FBAUL. Pós-graduado em Ciências da Comunicação, pela FCSH-UNL, e em Arte Cinemática, pela EA UCP Porto. Entre 2017 e 2019 foi coordenador de produção e assistente de curadoria na Solar - Galeria de Arte Cinemática. Em 2018 pertenceu à comissão de selecção da Competição Internacional do Curtas Vila do Conde. Desde 2019 que pertence à comissão de selecção da Competição Experimental do Curtas Vila do Conde, e assume a função de gestão e curadoria da livraria Loja das Curtas.
Carla Filipe nasceu em 1973 na Póvoa do Valado. Vive e trabalha no Porto. Foi cofundadora dos espaços Salão Olímpico (2003-2005) e O Projecto Apêndice (2006), ambos no Porto. Em 2009, recebeu uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para uma residência nos Acme Studios, em Londres. Realizou também residências na AIR Antwerpen (Antuérpia, 2014), na Robert Rauschenberg Foundation (Captiva, Florida, 2015) e na Krinzinger Projekte (Viena, 2017). Tem apresentado o seu trabalho em várias exposições individuais, como “Amanhã não há Arte”, com curadoria de João Mourão e Luís Silva, no Maat, “da cauda à cabeça”, com curadoria de Pedro Lapa, no Museu Coleção Berardo, ambas em Lisboa, ou “Não fechar, voltamos todos os dias”, na Galeria de Arte Cinemática, Vila do Conde. Da sua participação em diversas exposições colectivas destacam-se nos últimos anos: “12 Contemporâneos – Estados Presentes”, Museu de Serralves, Porto (2014), “Mom, am i Barbarian?”, 13th Istanbul Biennial, Turquia (2013), “1813. Assedio, incendio y reconstrucción de Donostia”, Museo San Telmo de Donostia, San Sebastián (2013).
Pedro Dourado é natural de Coimbra (1992) e residente no Porto. Licenciado em Pintura pela FBAUL. Pós-graduado em Ciências da Comunicação, pela FCSH-UNL, e em Arte Cinemática, pela EA UCP Porto. Entre 2017 e 2019 foi coordenador de produção e assistente de curadoria na Solar - Galeria de Arte Cinemática. Em 2018 pertenceu à comissão de selecção da Competição Internacional do Curtas Vila do Conde. Desde 2019 que pertence à comissão de selecção da Competição Experimental do Curtas Vila do Conde, e assume a função de gestão e curadoria da livraria Loja das Curtas.
“Modos de produzir e ampliar discurso e fricções”
Marta Lança
Marta Lança
Numa primeira parte farei uma breve incursão sobre programas que ilustram a ideia de "curadoria aberta". "Para nós, por nós: produção cultural africana e afrodiaspórica em debate" (2018), com Raquel Lima; "Terra Batida", com Rita Natálio: uma rede de arte e ciência sobre conflitos socioambientais (com residências de pesquisa e apresentações no Festival Alkantara); o ciclo "Sou esparsa e a liquidez maciça: gestos de liberdade" (Maat, 2020) e o projecto "ReMapping Memories Lisboa-Hamburg, Lugares de Memória (Pós)coloniais" (Goethe Institut, 2021).Na segunda parte, desenvolvo alguns pontos sobre a plataforma BUALA, ativa desde 2010. Na vontade de expandir linguagens na produção de conhecimento, o BUALA articula o discurso académico com a vertente jornalística e artística (e as suas diversas interpretações e visualidades). Ferramenta de pesquisa, a acessibilidade e informalidade fazem parte da sua história e prática de trabalho. Almejamos a hospitalidade incondicional da proposta de Derrida, abrindo “as portas a cada um e a cada uma, a todo e a qualquer outro, a todo o recém-chegado, sem perguntas, mesmo sem identificação, de onde quer que viesse e fosse quem fosse”. Ao escolher a palavra BUALA (bwala em quimbundo e lingala, faladas em Angola e nos Congos), destacamos o sentido de aldeia, familiaridade e construção de uma comunidade. Uma comunidade com lugares de enunciação plurais: de artistas, investigadores, jornalistas; reflexão descentralizada e colocada em diálogo, numa relação permanente entre local e global.
“Museu Pessoal”
Gisela Casimiro
Gisela Casimiro
Marta Lança nasceu em Lisboa em 1976. Doutoranda em Estudos Artísticos, com formação em Estudos Portugueses, Literatura Comparada e Edição de Texto na FCSH-UNL. Os temas de pesquisa passam pelo debate pós-colonial, programação cultural, processos de memorialização, plataformas de discurso e estudos africanos. Criou várias publicações culturais, sendo editora do site BUALA desde 2010. Escreve para publicações em Portugal, Angola e Brasil e traduziu do francês livros de Maxence Fermine, Jacques-Pierre Amettea, Asger Jorn e Achille Mbembe. Em Luanda, lecionou na Universidade Agostinho Neto e colaborou com a I Trienal de Luanda, e em Maputo trabalhou no festival de documentário Dockanema. Como programadora organizou projectos como o ciclo dedicado a Ruy Duarte de Carvalho Paisagens Efémeras (Lisboa, 2015), com Raquel Lima, o ciclo Para nós, por nós: produção cultural africana e afrodiaspórica em debate (2018); programou o ciclo Sou esparsa e a liquidez maciça: gestos de liberdade (Maat, 2020) e, com Rita Natálio, o programa TERRA BATIDA: uma rede de arte e ciência sobre conflitos socioambientais (Festival Alkantara). Tem experiência em pesquisa e produção de cinema, sobretudo com a Terratreme filmes. Participou no grupo de consultores do Memorial às Pessoas Escravizadas (iniciativa da DJASS) e no grupo editorial do Glossário Afro-European Cartography of Culture, Language and Arts. É autora do livro infanto-juvenil Infinitas-pessoas-mais-uma (Tigre de papel, 2019), e coautora de FUTUROS CRIATIVOS Economia e Criatividade em Angola, Moçambique e Timor-Leste (Acep, 2019), organizou os livros Roça Língua (2015), Diálogos com Ruy Duarte de Carvalho (2018) e Este corpo que me habita (2014). Atualmente coordena o projecto "ReMapping Memories Lisboa-Hamburg, Lugares de Memória (Pós)coloniais", do Goethe Institut.
Gisela Casimiro nasceu na Guiné-Bissau em 1984. É escritora, artista e activista.Publicou Erosão (poesia) e fez parte de antologias como Rio das Pérolas e Venceremos! Discursos escolhidos de Thomas Sankara. Nos últimos anos escreveu crónicas regularmente para o Hoje Macau, Buala e Contemporânea. A sua obra fotográfica “Museu Pessoal” fez parte de mostras colectivas organizadas pela DJASS e pela Associação Portuguesa de Antropologia (Museu Nacional de Etnologia). Realizou no Armário a exposição de poesia visual "O que perdi em estômago, ganhei em coração", sob curadoria de Ana Cristina Cachola. Fez ainda parte da exposição colectiva “Four Flags” (Taffimai/Galeria Zé dos Bois), com curadoria de Luiza Teixeira de Freitas e Natxo Checa. Seguiu-se “Fazer de Casa Labirinto” na Balcony Gallery. Integrou também a exposição “Retrospectiva Retroescavadora”, do colectivo Estrela Decadente, na Casa do Capitão. Dirige o departamento de Cultura do INMUNE - Instituto da Mulher Negra em Portugal.
“Ensaio de decifração de um enigma: A poesia dramática é a causa finalis da vida humana e do mundo (Goethe)”
Maria Filomena Molder
Desde que encontrei esta frase de Goethe escrita a 3 de Março de 1785, algum tempo antes da sua viagem a Itália, numa carta à Senhora von Stein, não mais deixei de me bater com ela.
Nela observo uma compreensão do mundo e da nossa vida que não cede o lugar a nenhuma outra. Não que a vida humana e o mundo sejam teatro, mas eles formam tramas e tramas sobrepondo-se, agindo umas sobre as outras, criando personagens vários, cuja dramaturgia se engendra nas várias temperaturas das acções: caldarium, temperarium, frigidarium, como nas termas romanas. Assim o teatro move a vida humana e o mundo, ele é um atractor.
Alguns aspectos e autores que serão chamados à cena:
— o teatro como uma expressão do olhar para si própria de uma cultura: teatro e crise;
— a relação entre filosofia e tragédia (Platão e Aristóteles);
— o nascimento/origem da tragédia e o Trauerspiel (Benjamin e Nietzsche);
— ver a nossa própria vida como uma peça de teatro vista por alguém (Wittgenstein). Os jogos de linguagem como as formas dramáticas da nossa vida. Primeiro jogo: aprender a falar.
Maria Filomena Molder é Professora Catedrática de Estética na Universidade Nova de Lisboa. Doutoramento em 1992 sobre "O Pensamento Morfológico de Goethe" (IN-CM, 1995).
Editou "Paisagens dos Confins. Fernando Gil", 2009; "Morphology. Questions on Method and Language", 2013; e também "Rue Descartes" nº68, “Philosopher au Portugal Aujourd’hui", 2010. Publicou vários livros sobre a relação entre artes, poesia e filosofia. Alguns deles obtiveram o Prémio Pen-Clube para Ensaio ("Semear na Neve. Estudos sobre Walter Benjamin", 2000; "O Químico e o Alquimista. Benjamin Leitor de Baudelaire", 2012; "Dia Alegre, Dia Pensante, Dias Fatais", 2018); e o Prémio AICA ("Rebuçados Venezianos", 2017). Escreveu também para Catálogos de arte, sobretudo no contexto da arte portuguesa contemporânea, e sobre filosofia, arte e literatura para Revistas internacionais, como Análise, Internationale Zeitschrift für Philosophie, Sub-Rosa, La Part de l’Oeil, Rue Descartes", Gratuita, Europe, Cadernos Nietzsche, Lettre International, Electra, Diaphanes, Umbigo, Contemporânea.