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  • © José Sérgio

  • © Lynn Skordal

  • © Rita Castro Neves

Projecto Corporalidade, temporalidade e pensamento / 2022

Projectos

Escola Secundária José Régio e Escola Básica 2/3 Frei João
Dezembro 2022
Este projecto dirige-se a alunos do ensino secundário e básico e configura-se através de um conjunto de aulas que problematizam as formas como experienciamos o corpo através das suas transformações, das suas articulações no espaço público e privado, da circulação permanente das suas imagens e representações. Os tópicos abordados em cada aula interligam diferentes disciplinas e produzem focos de atenção que tentam permitir a disseminação de olhares em torno do papel do corpo na história, na actualidade, na cultura contemporânea e na prática artística. Cada aula parte da observação ou investigação em torno de fenómenos culturais e políticos, na tentativa de examinar o corpo enquanto elemento disruptivo na vida social, no discurso e nas relações que estabelecemos com os outros e com o mundo ao qual pertencemos. Este ciclo de aulas dialoga com a área de educação para a cidadania e conta com o apoio de professores locais ligados a diversas disciplinas como história, filosofia, artes visuais, economia ou multimédia.

Aulas e convidados:
I - Pedagogias da performance: poéticas de existência/resistência, Dori Nigro 
II - Corpo: o privado e público, o íntimo e o social, a verdade e a construção, Sara Barros Leitão
III - O meu corpo a desenhar o meu corpo a desenharMarta Ramos


Coordenação: Joclécio Azevedo | Produção: Circular Associação Cultural | Iniciativa no âmbito do Programa Educativo da Circular Associação Cultural


 

© José Sérgio
 
Pedagogias da performance: poéticas de existência/resistência
Dori Nigro
 
Tendo como mote a obra multidisciplinar de Yoko Ono e Marcelo Evelin a sessão vai tentar tecer diálogos possíveis com os ensinamentos de bell hooks e Paulo Freire provocando uma práxis de diálogos e cuidados. Como me vejo? Como vejo o outrx? Como estou no mundo? Pode a performance forjar ações transformadoras e reparar o eu-mundo? A partir desta pedagogia retomaremos velhas perguntas recriando outras. 
 
Dori Nigro (Recife, Brasil - Porto, Portugal). Performer. Pedagogo. Arte Educador. Nasci numa família trabalhadora da zona rural e da pesca litorânea do estado de Pernambuco, nordeste brasileiro. Enveredei pelo caminho das artes através do teatro amador comunitário. Acessei os estudos escolares e acadêmicos por meio de políticas públicas de cotas étnico-raciais. Atualmente desenvolvo investigação no doutoramento em Arte Contemporânea, no Colégio das Artes, da Universidade de Coimbra, sobre o tema da Arte da performance e as identidades afrodiaspóricas. Realizei estudos de mestrado em Práticas Artísticas Contemporâneas; especialização em Arte Educação; bacharelado em Comunicação Social, com habilitação em Fotografia; e licenciatura em Pedagogia. Sou criador, com Paulo Pinto, no Tuia de Artifícios, coletivo de criação artística que desenvolve ações no campo da prática artística, arte educação e arte terapia. Sou membro do Núcleo Anti-Racista do Porto (NARP) e da União Negra das Artes (UNA).
 
 
 
© Lynn Skordal

Corpo: o privado e público, o íntimo e o social, a verdade e a construção
Sara Barros Leitão
 
Dá aquela vergonha quando algum amigo vai lá a casa e, na parede do corredor, está emoldurada e exposta aquela fotografia tua em bebé, sem roupa, e que só pais ou avós acham fofa, não dá? Dá até vontade de pagar para que aquilo desapareça dali. Já não és aquela pessoa, não te perguntaram se gostas daquela fotografia, não te identificas com aquele corte de cabelo... A má notícia é que não é só a fotografia de bebé que dá aquele cringe. Daqui a dez anos (eu sei, parece uma eternidade, mas a verdade é que irás lá chegar), também não vais ser quem és agora. A diferença, é que não estamos a falar apenas de uma fotografia, e muito menos de um único local onde pode ser vista. Estamos a falar de toda adolescência documentada em telemóveis alheios, exposta a toda a internet, para sempre. Sou atriz, e o corpo é o meu instrumento de trabalho. Tenho de fazer coisas com o meu corpo que nunca faria no meu dia-a-dia. Todos os dias estou à prova sobre até onde me quero expor. E todos os dias tenho milhares de olhares sobre o meu corpo, e sobre o que faço com ele. Nesta aula, proponho que falemos sobre os limites da exposição do nosso corpo. Onde começa o público e acaba o privado. O que é que é íntimo, e o que é que é social. O que é que é verdade, e o que é que é construção.
 
Sara Barros Leitão. Porto, 1990. Formou-se em Interpretação pela Academia Contemporânea do Espetáculo. Iniciou a licenciatura em Estudos Clássicos na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e o mestrado em Estudos sobre as Mulheres - Género, Cidadania e Desenvolvimento, na Universidade Aberta. Não concluiu nenhum. Escreve, encena e interpreta. Trabalha regularmente em teatro, cinema, televisão e dobragens. 
É feminista, activista, incoerente e a tentar ser melhor. Gosta de histórias, papéis, arquivos e coisas pequenas.

 

© Rita Castro Neves
 
O meu corpo a desenhar o meu corpo a desenhar
Marta Ramos
 
Neste encontro pensaremos como está a prática do desenho intimamente ligada ao corpo e à sua acção. Pensaremos como nos serve o desenho para projectarmos o futuro e como nos permite reactivar lugares na memória. Pensaremos a dimensão performativa inerente ao desenho e reflectiremos sobre a noção de tempo a ela associada. O ponto de partida será a minha prática artística e a recuperação do momento do meu percurso em que o corpo “embateu” com o desenho. Daí, mergulharemos em referências da História onde encontro afinidades e aproximações, para depois experimentarmos com os nossos corpos algumas formas de desenhar. 
 
Marta Ramos (1990, Porto). É formada em design gráfico pela Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos. Em 2014, conclui o mestrado em Design de Comunicação pela mesma instituição, com a dissertação intitulada “Do registo como condição coreográfica no design: experiência, notação e performance”. Em 2017, conclui o Curso de Especialização Pós-Graduada em Performance na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e apresenta as performances “Gesto sobre papel” e “Gesto sobre parede”, momento em que investiga com maior profundidade as possibilidades de transferência entre as áreas do desenho e da performance. Em 2018/19, frequenta o Programa Avançado de Criação em Artes Performativas (Forum Dança, Lisboa), contexto onde cria a peça “Um corpo que se esconde também existe”. Trabalha como freelancer em design gráfico e tem desenvolvido trabalho na área da dança e da performance como criadora, intérprete e em co-criação. Actualmente vive e trabalha no Porto.