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  • Girlschool [Susana Mendes Silva e Alice Geirinhas] © Margarida Ribeiro

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  • Design © João Alves Marrucho

  • Conversa com Joana Gorjão Henriques + Ana Dinger e Fernanda Eugénio © DR

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  • Design © João Alves Marrucho

  • Seminário com António Guerreiro © DR

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Questões Práticas: desaprender continuamente

Conversa

13 de Abril 2019 - Girlschool [Susana Mendes Silva e Alice Geirinhas] – 15:00 – 18:00
Auditório Municipal de Vila do Conde

15 de Junho 2019 - com Joana Gorjão Henriques + Ana Dinger e Fernanda Eugénio – 15:00 – 18:00
Centro de Memória de Vila do Conde

21 e 22 de Setembro 2019 – Seminário Crítica de Arte: A sua história, a sua teoria e as suas instituições,
com António Guerreiro – 14:30-17:30 / 10:00-13:00 – 14:30-17:30
Centro de Estudos Regianos


Ciclo de encontros que pretende dar a conhecer, com a ajuda de diversos convidados, práticas de investigação, escrita, performance, pensamento, transmissão e de acção colaborativa. Cada encontro funcionará como um exercício de activação do imaginário social, poético e político dos participantes e dos convidados, procurando intersecções entre práticas artísticas e não artísticas. Dando ênfase a diferentes linguagens e entendimentos da prática enquanto elemento de transformação, iremos promover oscilações entre a dimensão individual e social da acção e entre modos de produção que invocam a materialidade e a imaterialidade. Organizado em torno de momentos que se articulam entre si, em formatos distintos, com diferentes protocolos de participa-ção, o programa irá utilizar diferentes dinâmicas de encontro, promovendo o envolvimento do público nas questões em discussão. Iremos examinar estratégias de trabalho, de comunicabilidade, de sobrevivência e de produção do conhecimento, desmontando a aprendizagem e diluindo fonteiras entre disciplinas.  

Coordenação: Joclécio Azevedo



13 de Abril 2019 - Girlschool [Susana Mendes Silva e Alice Geirinhas] – 15:00 – 18:00
Auditório Municipal de Vila do Conde


Girlschool é um projecto de aulas performativas das artistas Susana Mendes Silva e Alice Geirinhas sobre temas ligados à arte e à sexualidade, mas que é também um espaço de liberdade, inclusivo e igualitário, e que vem acontecendo com regularidade desde 2016. Para o ciclo “Questões Práticas: desaprender continuamente”, integrado no programa educativo da Circular Associação Cultural, apresentam a sessão “Brinquedos” que será teórico-prático e para a qual não é necessário ter qualquer experiência artística prévia. Na Girlschool existe sempre uma mesa comum, um projector de vídeo, material de trabalho e vinho.

A participação é livre mediante inscrição prévia. 



15 de Junho 2019 - com Joana Gorjão Henriques + Ana Dinger e Fernanda Eugénio – 15:00 – 18:00
Centro de Memória de Vila do Conde


I Parte: Joana Gorjão Henriques   
Como se reporta questões de discriminação em Portugal? Uma análise das desigualdades em Portugal a partir de casos concretos e de como isso espelha o racismo estrutural na sociedade portuguesa. A impor-tância de estarmos em posição de escuta para melhor retratar questões de direitos humanos.

II Parte: Fernanda Eugenio e Ana Dinger  “Do Irreparável: o que pode uma ética de reparação?” – sessão de partilha


Desdobrado pela antropóloga Fernanda Eugenio desde o início dos anos 2000, o Modo Operativo AND consiste num estudo praticado das políticas da convivência, reunindo um conjunto de ferramentas para a investigação experiencial do acontecimento. Deslocando os modos de fazer etnográficos para um plano de manuseamento comum e colectivo - o cuidado e a performance ao vivo do encontro - o MO_AND articula-se como ética de reparagem e reparação. Para sustentar as diversas investigações, aplicações e colaborações em torno do MO_AND, foi criada a plataforma AND Lab I Centro de Investigação em ArtePensamento & Políticas de Convivência. Nesta sessão, serão partilhadas ferramentas e conceitos que constituem o MO_AND, através de um dispositivo jogo/circuito relacional, trazendo, nomeadamente, novas formulações desenvolvidas no âmbito do projecto, apoiado pela dgartes, “Do Irreparável: o que pode uma ética de reparação?”, que habita a questão-problema do Irreparável, nos (i)limites da ferramenta-conceito chave do Modo Operativo AND, o Reparar. Esta sessão desafia os presentes a experimentar (com) as suas noções do que pode ou não ser (ir)reparável, a posicionarse situadamente em relação ao gesto da reparação e a reflectir sobre as dimensões afectivas, singulares e colectivas, mobilizadas ante a (ir)reparabilidade do mundo.



21 e 22 de Setembro 2019 – Seminário Crítica de Arte: A sua história, a sua teoria e as suas instituições
com António Guerreiro – 14:30-17:30 / 10:00-13:00 – 14:30-17:30
Centro de Estudos Regianos

O quarto momento do ciclo de encontros, conversas e performances “Questões Práticas” organiza-se à volta de práticas de escrita e terá como convidado António Guerreiro, crítico e ensaísta cujo trabalho movimenta-se entre várias disciplinas dentro das Ciências Sociais e Humanas. A sua produção crítica e ensaística desenvolve-se em afinidade com diversos temas, entre os quais a literatura portuguesa contemporânea, a arte contemporânea, a estética e a crítica cultural. Neste contexto António Guerreiro irá desenvolver o seminário “Crítica de arte: a sua história, a sua teoria e as suas instituições”, dividido em 3 sessões de três horas cada uma.

Programa:
1.    O nascimento da crítica de arte, no século XVIII.
2.    A crítica romântica: reflexão e teoria especulativa da arte.
3.    Crítica e juízo de gosto.
4.    A crítica cultural (a cultura como ideologia e a arte como negatividade).
5.    O declínio da crítica de arte no sistema da arte contemporânea e o surgimento de novas figuras de legiti-mação.



Reflexão do ensaísta, crítico literário e cronista do jornal Público António Guerreiro no âmbito do seminário "Seminário Crítica de Arte: A sua história, a sua teoria e as suas instituições", realizado nos dias 21 e 22 de Setembro de 2019, no âmbito do 16.º Circular Festival de Artes Performativas.

O tema do seminário que decorreu em dois dias de Setembro de 2019 foi a crítica de arte. Os textos que Diderot escreveu sobre os salons paisienses, no século XVIII constituem o momento fundamental do nascimento de uma crítica de arte que se inscreve em toda a constelação crítica do Iluminismo. A Estética de Baumgarten é um pilar importante para a filosofia da arte e anuncia, em posição inaugural, princípios críticos que o Iluminismo vai erigir em programa, fazendo da razão crítica o fundamento de toda a cultura e todo o pensamento. A crítica de arte nasce assim no contexto da firmação do projecto da modernidade.  
A seguir, o romantismo, e muito particularmente o romantismo alemão, desenvolve uma teoria especulativa da arte que acentua o seu núcleo crítico. De certo modo, o romantismo legou-nos algumas categorias estéticas que foram fundamentais no século XX. Por exemplo, o conceito de sublime. Para a história e para a constituição de um corpus teórico da crítica de arte, as vanguardas foram muito importantes, na medida em que, ao mesmo tempo que destituíam e aboliam tradicionais princípios críticos, assumiam-se ao mesmo tempo como crítica.  
Os artistas puderam assim reivindicar a posição de críticos da arte, e esta crítica imanente e expressa em manifestos e escritos sobre a arte da autoria dos próprios artistas foi muito importante, tanto do ponto de vista teórico como prático, para a reconfiguração da crítica de arte.
A crítica cultural, tal como ela foi teorizada e praticada pela Escola de Frankfurt, é outro momento importante para a história da crítica da arte, na medida em que defende uma estética negativa, isto é, a ideia de que a arte é um lugar de resistência à homogeneidade social e às leis da indústria cultural. A crítica de arte assume assim uma grande cumplicidade com a arte de vanguarda, legitimando-a. E é ao mesmo tempo, uma crítica da ideologia. De certo modo, é um prolongamento do projecto crítico do Iluminismo.
A partir de meados do século XX, no contexto da arte contemporânea, a situação e as condições da crítica de arte alteram-se profundamente. Esbate-se a atitude hipercrítica do modernismo e, em consequência, a figura do crítico de arte é despotencializada ou mesmo esvaziada. Agora são figuras como a do comissário e a do curador que ganham importância e ocupam o lugar do crítico. Por outro lado, e de maneira concomitante, os museus e os centros de arte contemporânea, agindo muitas vezes em cumplicidade com os coleci-onadores privados, tornam-se os lugares de legitimação da arte, por excelência. A ideia de uma crítica independente e autónoma perde força e triunfa um sistema crítico e de legitimação que acentua o papel das instituições e do mercado da arte. Por outro lado, num plano mais estritamente teórico, a ideia da “morte da arte”, que foi declinado de diversas maneiras desde a segunda metade do século XIX, não podia deixar de ter consequências importantes no domínio da crítica. Submetida a condições institucionais poderosas e tendo de se confrontar com a importância legitimadora do mercado da arte, a crítica de arte tornou-se um ramo (às vezes ornamental, outras vezes funcional) de todo o sistema da arte contemporânea. Por outro lado, uma estetização generalizada da sociedade (graças, sobretudo, aos media) veio constituir um enorme desafio à crítica da arte e colocar um crítico numa posição difícil ou, pelo menos, enfraquecida, uma vez que cessaram os princípios estéticos, ideológicos e políticos que sustentavam e davam força à posição da crítica.

António Guerreiro