Um Corpo Que Dança
Marco Martins
Filme
Teatro Municipal de Vila do Conde — Sala 218 Set (Dom) | 16:00 + 21:30
[com a presença de Lígia Resende (pesquisa de imagem e apoio à realização) e Ana Bigotte Vieira (investigadora) - moderação de Amarante Abramovici (cineasta) às 21:30]
M/12 | duração aprox. 127 min. | Sócios Cineclube de Vila do Conde: acesso gratuito + Não Sócios: 4,5 €
[com a presença de Lígia Resende (pesquisa de imagem e apoio à realização) e Ana Bigotte Vieira (investigadora) - moderação de Amarante Abramovici (cineasta) às 21:30]
M/12 | duração aprox. 127 min. | Sócios Cineclube de Vila do Conde: acesso gratuito + Não Sócios: 4,5 €
Uma proposta para a história do corpo a partir do percurso de uma das maiores companhias de dança portuguesas do século XX. O documentário de Marco Martins caminha a par do desenvolvimento da dança em Portugal e da história política, económica e sociocultural do país. Um Corpo Que Dança é a história da vivência de um novo corpo, em transformação, que se liberta do fascismo, e de uma sociedade em mudança que se abre ao mundo exterior. A partir de imagens de arquivo inéditas e entrevistas a vários criadores e bailarinos acompanhamos o trajecto de uma companhia extraordinária, através dos movimentos e das palavras dos seus protagonistas, da sua génese no início dos anos 60 até à extinção em 2005.
NOTA DE AUTOR | O CINEMA E O MOVIMENTO
Em 1883, o fotógrafo Eadweard Muybridge, um dos precursores do cinema, foi convidado pela Universidade da Pensilvânia para conduzir um dos primeiros projectos de pesquisa fotográfica. As investigações diziam respeito à fotografia sequencial do movimento humano e animal, resultando em mais de 100.000 imagens e 781 placas de fototipia contendo mais de 20.000 figuras de homens, mulheres, crianças, animais e pássaros em movimento. Terão sido porventura alguns dos primeiros filmes da história, consequência da famosa aposta sobre os movimentos do cavalo em corrida, e claro estudavam a forma de locomoção do Homem.
Penso muitas vezes nesses estudos e se, na verdade, o cinema não tenha nascido afinal de replicar o movimento, de o fixar em tempo “real” e não de
um qualquer banal desejo de realismo pictórico. Que o trabalho de um realizador não seja afinal uma especialização na captação do movimento e consequentemente da dança dos corpos.
Criado a partir de um convite feito pela Fundação Calouste Gulbenkian, este filme nasce de um desejo antigo de Jorge Salavisa, formulado por si ao longo dos anos e em diversas ocasiões, dizia-me: “Marco gostava tanto que fizesses uma história do Ballet Gulbenkian, tenho medo que as novas gerações se esqueçam do que fizemos ali, naqueles anos”, e acrescentava, “se não o fizeres as pessoas vão-se esquecer, vais ver!”.
O convite foi sendo repetido ao longo dos anos, em diversas ocasiões, e o documentário foi sendo adiado por uma ou outra razão. Sabia como era particularmente ambicioso fazer um filme sobre os quarenta anos de uma companhia que mudou a forma de pensar e fazer dança em Portugal. Uma companhia que formou grande parte das novas gerações da dança e um público exigente e conhecedor. Uma companhia envolta numa certa mitologia, rodeada de paixões e, como todas as paixões, num final turbulento.
A história do Ballet Gulbenkian confunde-se de facto com a história da dança em Portugal, do final do séc. XX. É a história da criação de um Portugal moderno
e democrático. A história do Ballet Gulbenkian é a história da transformação de um corpo que se liberta do fascismo e de uma sociedade em mudança que se abre ao mundo exterior. Este é um filme que acompanha essas transformações e conta-nos a história da transformação desse corpo.
Quis o tempo e a história que este filme nascesse durante um tempo de reclusão da pandemia e que o Jorge já não estivesse entre nós para poder ver o seu desejo realizado. Ele que tanto se empenhou em criar uma companhia com uma identidade própria, em elevar a exigência do trabalho de coreógrafos e bailarinos e finalmente em fixar o seu legado neste filme.
Este filme é uma homenagem a todos os que fizeram a história do Ballet Gulbenkian.
— Marco Martins
Iniciativa: Fundação Calouste Gulbenkian | Um filme de: Marco Martins | Produção: Vende-se Filmes | Co-produção: RTP| Autoria e realização: Marco Martins | Assistente de realização: Rita Quelhas | Pesquisa de imagem e apoio à realização: Lígia Resende | Pesquisa fotográfica: Sara Coelho | Montagem: Rita Quelhas e Catarina Lino | Desenho e misturas de som: Miguel Martins | Correcção de cor: Mário Gaspar | Banda sonora original: Filipe Raposo | Argumento: Marco Martins | Com a colaboração de: Ana Bigotte Vieira, João dos Santos Martins, Luiz Antunes e Maria José Fazenda | Arquivo inédito: Paulo Sabino | Produção e direitos: Marta Martins | Coordenação de projecto: Patrícia Faria | Produtora: Filipa Reis
Parceria Circular: Cineclube de Vila do Conde
Estreia Nacional: 16 de Junho 2022.
umcorpoquedanca.pt
Marco Martins (Lisboa, 1972). É actualmente um criador incontornável do panorama artístico português. A sua obra atravessa diversas práticas e áreas artísticas que vão do cinema às artes plásticas, passando pelo teatro e pela publicidade. Formado pela Escola Superior de Teatro e Cinema, teve ainda formação complementar na Tisch School of the Arts (New York), HFF – Universidade de Televisão e Cinema (Munique), Centro Galego de Artes e Imaxe (Corunha), Maine Photographic Workshops (Maine) e ArCo (Lisboa). No início do seu percurso profissional trabalhou com realizadores como Wim Wenders, Manoel de Oliveira ou Betrand Tavernier.
Começou por realizar algumas curtas-metragens premiadas em vários festivais nacionais e internacionais, antes de se estrear na longa-metragem com ALICE (2005) vencedora do Prix Regard Jeune na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, além de prestigiados prémios em festivais como Mar del Plata ou Raindance, de Londres. O realizador foi ainda o primeiro português nomeado para o Fassbinder Award (European Discovery of the Year).
Em 2006, realizou a curta-metragem UM ANO MAIS LONGO, escrito em parceria com Tonino Guerra (argumentista de Fellini, Antonioni ou Theo Angelopoulos), presente na competição oficial do Festival de Veneza. Em 2009, a sua segunda longa-metragem COMO DESENHAR UM CÍRCULO PERFEITO, escrita com Gonçalo M. Tavares, estreou no festival do Rio de Janeiro. O seu mais recente filme SÃO JORGE (2016) estreou na competição oficial do Festival de Veneza (Secção Orizzonti), onde Nuno Lopes ganhou o Leão de Ouro de melhor actor pela sua participação no filme.
Ao longo dos anos os filmes e documentários de Marco Martins têm tido estreia comercial em vários países e uma presença constante nos mais prestigiados festivais de cinema onde arrecadaram mais de cinquenta distinções e prémios, tendo ALICE e SÃO JORGE sido os nomeados portugueses para os prémios Goya e Óscares da Academia de Hollywood. Em 2012, a sua obra foi alvo de uma alargada retrospectiva integral na Rússia que contou com a exibição dos seus filmes em Moscovo, no Instituto de Cinema VGIK, no Cinema Dome, no Instituto de Relações Internacionais e no Festival de Cinema de Kaliningrado.
Em 2018, Marco Martins estreou-se na ficção para televisão com a série SARA, escrita em parceria com Bruno Nogueira e Ricardo Adolfo, estreada no Festival IndieLisboa e posteriormente exibida na RTP2. A série viria a ganhar os prémios SPA e Sophia para melhor série de televisão desse ano.
Em 2022, Marco Martins estreia nos cinemas nacionais o documentário UM CORPO QUE DANÇA. A sua última longa-metragem GREAT YARMOUTH, uma coprodução entre Inglaterra, Portugal e França, está agora em fase de pós-produção.
Filmografia Seleccionada
[2022] Um Corpo que Dança (Documentário) [2021] Natureza Fantasma (Documentário) [2018] Sara (Série TV)
[2016] São Jorge (Longa Metragem)
[2013] Twenty-One-Twelve: The Day the World Didn't End (Documentário) [2011] Keep Going (Documentário)
[2010] Traces of a Diary (Documentário, co-realizado com André Príncipe) [2010] Insert (Curta Metragem, co-realizada com Filipa César)
[2009] Como Desenhar um Círculo Perfeito (Longa Metragem) [2006] Um Ano Mais Longo (Curta Metragem)
[2005] Alice (Longa Metragem)
[1998] No Caminho para a Escola (Curta Metragem) [1995] Não Basta Ser Cruel (Curta Metragem)
[1992] Mergulho no Ano Novo (Curta Metragem)
NOTA DE AUTOR | O CINEMA E O MOVIMENTO
Em 1883, o fotógrafo Eadweard Muybridge, um dos precursores do cinema, foi convidado pela Universidade da Pensilvânia para conduzir um dos primeiros projectos de pesquisa fotográfica. As investigações diziam respeito à fotografia sequencial do movimento humano e animal, resultando em mais de 100.000 imagens e 781 placas de fototipia contendo mais de 20.000 figuras de homens, mulheres, crianças, animais e pássaros em movimento. Terão sido porventura alguns dos primeiros filmes da história, consequência da famosa aposta sobre os movimentos do cavalo em corrida, e claro estudavam a forma de locomoção do Homem.
Penso muitas vezes nesses estudos e se, na verdade, o cinema não tenha nascido afinal de replicar o movimento, de o fixar em tempo “real” e não de
um qualquer banal desejo de realismo pictórico. Que o trabalho de um realizador não seja afinal uma especialização na captação do movimento e consequentemente da dança dos corpos.
Criado a partir de um convite feito pela Fundação Calouste Gulbenkian, este filme nasce de um desejo antigo de Jorge Salavisa, formulado por si ao longo dos anos e em diversas ocasiões, dizia-me: “Marco gostava tanto que fizesses uma história do Ballet Gulbenkian, tenho medo que as novas gerações se esqueçam do que fizemos ali, naqueles anos”, e acrescentava, “se não o fizeres as pessoas vão-se esquecer, vais ver!”.
O convite foi sendo repetido ao longo dos anos, em diversas ocasiões, e o documentário foi sendo adiado por uma ou outra razão. Sabia como era particularmente ambicioso fazer um filme sobre os quarenta anos de uma companhia que mudou a forma de pensar e fazer dança em Portugal. Uma companhia que formou grande parte das novas gerações da dança e um público exigente e conhecedor. Uma companhia envolta numa certa mitologia, rodeada de paixões e, como todas as paixões, num final turbulento.
A história do Ballet Gulbenkian confunde-se de facto com a história da dança em Portugal, do final do séc. XX. É a história da criação de um Portugal moderno
e democrático. A história do Ballet Gulbenkian é a história da transformação de um corpo que se liberta do fascismo e de uma sociedade em mudança que se abre ao mundo exterior. Este é um filme que acompanha essas transformações e conta-nos a história da transformação desse corpo.
Quis o tempo e a história que este filme nascesse durante um tempo de reclusão da pandemia e que o Jorge já não estivesse entre nós para poder ver o seu desejo realizado. Ele que tanto se empenhou em criar uma companhia com uma identidade própria, em elevar a exigência do trabalho de coreógrafos e bailarinos e finalmente em fixar o seu legado neste filme.
Este filme é uma homenagem a todos os que fizeram a história do Ballet Gulbenkian.
— Marco Martins
Iniciativa: Fundação Calouste Gulbenkian | Um filme de: Marco Martins | Produção: Vende-se Filmes | Co-produção: RTP| Autoria e realização: Marco Martins | Assistente de realização: Rita Quelhas | Pesquisa de imagem e apoio à realização: Lígia Resende | Pesquisa fotográfica: Sara Coelho | Montagem: Rita Quelhas e Catarina Lino | Desenho e misturas de som: Miguel Martins | Correcção de cor: Mário Gaspar | Banda sonora original: Filipe Raposo | Argumento: Marco Martins | Com a colaboração de: Ana Bigotte Vieira, João dos Santos Martins, Luiz Antunes e Maria José Fazenda | Arquivo inédito: Paulo Sabino | Produção e direitos: Marta Martins | Coordenação de projecto: Patrícia Faria | Produtora: Filipa Reis
Parceria Circular: Cineclube de Vila do Conde
Estreia Nacional: 16 de Junho 2022.
umcorpoquedanca.pt
Marco Martins (Lisboa, 1972). É actualmente um criador incontornável do panorama artístico português. A sua obra atravessa diversas práticas e áreas artísticas que vão do cinema às artes plásticas, passando pelo teatro e pela publicidade. Formado pela Escola Superior de Teatro e Cinema, teve ainda formação complementar na Tisch School of the Arts (New York), HFF – Universidade de Televisão e Cinema (Munique), Centro Galego de Artes e Imaxe (Corunha), Maine Photographic Workshops (Maine) e ArCo (Lisboa). No início do seu percurso profissional trabalhou com realizadores como Wim Wenders, Manoel de Oliveira ou Betrand Tavernier.
Começou por realizar algumas curtas-metragens premiadas em vários festivais nacionais e internacionais, antes de se estrear na longa-metragem com ALICE (2005) vencedora do Prix Regard Jeune na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, além de prestigiados prémios em festivais como Mar del Plata ou Raindance, de Londres. O realizador foi ainda o primeiro português nomeado para o Fassbinder Award (European Discovery of the Year).
Em 2006, realizou a curta-metragem UM ANO MAIS LONGO, escrito em parceria com Tonino Guerra (argumentista de Fellini, Antonioni ou Theo Angelopoulos), presente na competição oficial do Festival de Veneza. Em 2009, a sua segunda longa-metragem COMO DESENHAR UM CÍRCULO PERFEITO, escrita com Gonçalo M. Tavares, estreou no festival do Rio de Janeiro. O seu mais recente filme SÃO JORGE (2016) estreou na competição oficial do Festival de Veneza (Secção Orizzonti), onde Nuno Lopes ganhou o Leão de Ouro de melhor actor pela sua participação no filme.
Ao longo dos anos os filmes e documentários de Marco Martins têm tido estreia comercial em vários países e uma presença constante nos mais prestigiados festivais de cinema onde arrecadaram mais de cinquenta distinções e prémios, tendo ALICE e SÃO JORGE sido os nomeados portugueses para os prémios Goya e Óscares da Academia de Hollywood. Em 2012, a sua obra foi alvo de uma alargada retrospectiva integral na Rússia que contou com a exibição dos seus filmes em Moscovo, no Instituto de Cinema VGIK, no Cinema Dome, no Instituto de Relações Internacionais e no Festival de Cinema de Kaliningrado.
Em 2018, Marco Martins estreou-se na ficção para televisão com a série SARA, escrita em parceria com Bruno Nogueira e Ricardo Adolfo, estreada no Festival IndieLisboa e posteriormente exibida na RTP2. A série viria a ganhar os prémios SPA e Sophia para melhor série de televisão desse ano.
Em 2022, Marco Martins estreia nos cinemas nacionais o documentário UM CORPO QUE DANÇA. A sua última longa-metragem GREAT YARMOUTH, uma coprodução entre Inglaterra, Portugal e França, está agora em fase de pós-produção.
Filmografia Seleccionada
[2022] Um Corpo que Dança (Documentário) [2021] Natureza Fantasma (Documentário) [2018] Sara (Série TV)
[2016] São Jorge (Longa Metragem)
[2013] Twenty-One-Twelve: The Day the World Didn't End (Documentário) [2011] Keep Going (Documentário)
[2010] Traces of a Diary (Documentário, co-realizado com André Príncipe) [2010] Insert (Curta Metragem, co-realizada com Filipa César)
[2009] Como Desenhar um Círculo Perfeito (Longa Metragem) [2006] Um Ano Mais Longo (Curta Metragem)
[2005] Alice (Longa Metragem)
[1998] No Caminho para a Escola (Curta Metragem) [1995] Não Basta Ser Cruel (Curta Metragem)
[1992] Mergulho no Ano Novo (Curta Metragem)