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Circular Festival

Newsletter #201

 


© DR

Miguel Bonneville
"A importância de ser Alan Turing"

25 Set | Sex | 21:30
Auditório Municipal de Vila do Conde
Performance — Estreia Absoluta

M/12 | 45' | 5 €

Alan Turing, matemático, formado nas universidades de elite, cientista de renome mundial. Durante a 2ª Guerra Mundial, criou formas de decifrar as mensagens codificadas pela máquina Enigma do exército alemão. Diz-se que encurtou a guerra em, pelo menos, 2 anos. Uma máquina que decifra códigos sempre em mudança. Uma máquina que cifra o desejo por um corpo e o desejo de extermínio. Ou antes de tudo, a perda dele, um corpo que já não está mais lá, e inventar formas de cifrar uma máquina desejante. Corpo-máquina-desejo. Turing liderou a equipa que criou a descodificação, composta por uma maioria de mulheres, ao que sabemos.  Alan Turing agraciado com a Ordem do Império Britânico, 1946 e Fellow da Royal Society, 1951.

O mesmo Alan Turing, condenado por atos de indecência grave em 1952 – no caso, atos homossexuais. A mesma lei que levou ao julgamento de Oscar Wilde: a seção 2 do Criminal Law Amendment Act de 1885. Esta lei que vai ser espalhada pelo Império Britânico e a fundamentação para encarceramento e, em alguns casos, pena de morte, para pessoas que incorram em crime de indecência grave em vários países anteriormente colonizados pelo Reino Unido.

Deram a escolher a Alan Turing entre a castração química e a prisão. Dietilstilbestrol foi a substância química usada nesse processo, um estrogénio transgénico, para reduzir a testosterona. Um código químico também de género, mostrando a materialidade do género e da lei. Corpo cyborg, híbrido biotecnológico, cerceado em função do conhecimento de segredos de Estado, limitado e excluído das suas funções. Morre aos 42 anos, 2 anos depois da castração, ingerindo uma maçã com cianeto. Aparente suicídio. Extermínio, o dietilstilbestrol é um depressor.

Só a partir dos anos 70, foi tornada pública a sua contribuição para o esforço de guerra. Em 2017, Lei Alan Turing, amnistia às mais de 49000 pessoas que foram condenadas por indecência grave, e aos outros homens condenados por leis discriminatórias em relação à orientação sexual. Antes, Turing tinha sido alvo de um perdão da Rainha em relação a esse “crime” em 2013. Pensa-se em usar a sua efígie como imagem da nota de 50 Libras.

Alain Turing é um processo de codificação e reprogramação de género. A outra máquina de Turing que permitiu quebrar códigos é o seu corpo cyborg, exemplo da violência de estado que se abate sobre os corpos para fazer sangrar os códigos da moralidade vitoriana e colonizadora. Alain Turing é um experimento, da criação de um corpo descodificador e recodificador, tecnologia de corpo, tecnologia de género. Uma experiência post-mortem - estar morto e receber honrarias, perdões póstumos e pedidos de desculpas. Como receber uma comenda de um império morto e perdão de rainhas. Necropoder.

— João Manuel de Oliveira

www.miguelbonneville.com
soundcloud.com/sofia-mestre
teatrodosilencio.pt

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© DR

Miquel Bernat, João Dias e Gustavo Costa
"Gestos invisíveis"

25 Set | Sex | 22:45
Teatro Municipal de Vila do Conde — Salão Nobre
Música — Estreia Absoluta

M/12 | 40' | 5 €

A relação entre o gesto físico de um instrumentista e a sua materialização sonora através de um instrumento musical assumiu, até ao advento da electricidade, uma forma clara onde os códigos de percepção das partes intervenientes se foram sedimentando e produzindo concepções generalizadas sobre aquilo que é som e música. Com as devidas excepções, sendo uma das mais notáveis a do órgão de tubos, a produção sonora baseou-se num sistema bem definido, que incluía a linguagem musical, a execução manual de um instrumentista e um dispositivo de emissão sonora junto de si - o instrumento. Nestas situações, um gesto físico, no ato de um sopro, uma arcada ou na percussão de um idiofone, traduz-se num resultado facilmente entendido e decifrado pelo ouvinte. No entanto, esta relação, aperfeiçoada ao longo de séculos, produziu também uma série de efeitos colaterais. O gesto e a fisicalidade associada à execução instrumental passaram também a ser entendidos como uma articulação de graus de dificuldade mensuráveis e nos quais se valorizam os níveis superiores. Esta obsessão, justificada pela própria evolução da música ocidental, foi introduzindo subliminarmente normas de apreciação, análise e aprovação das obras musicais não só pelo seu conteúdo musical, mas também pelo grau de dificuldade técnica, nos níveis composicionais e instrumentais. A transição para o século XX, com a introdução da electricidade e a abertura ao ruído como elemento primordial na construção musical, afigurou-se assim como a grande promessa de uma música realmente livre e concentrada na sua essência - o som. Não só se libertou o som, como a sua representação passou a ser múltipla, afastando-se da típica relação bidimensional palco / plateia e das sequências temporais lineares. Mas também esta promessa, acentuada pelas constantes incisões das inovações e revoluções eléctricas e electrónicas, acabou por se consumir e produzir os seus próprios paradoxos. Algumas das problemáticas inverteram-se, e a tecnologia revelou-se, talvez mais do que nunca, um simples artefacto que através de várias formas evolutivas serviu apenas de mediador do complexo processamento e materialização do pensamento musical. Esta peça, ao combinar a visceralidade física da percussão com uma perspectiva electrónica que lhe é complementar, utiliza estas propriedades como elementos expressivos e onde se reforça a força sublime dos gestos do som, da forma como o sentimos e como o percebemos. Mais do que tentar solucionar problemáticas específicas, procura-se ir de encontro ao ponto inicial de qualquer obra – a organização do som e dos seus significados.

Miquel Bernat, percussão
João Dias, percussão
Gustavo Costa, percussão e electrónica


www.sonoscopia.pt

www.drumming.pt

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© Leonor Oliveira

Noviga Projekto | Clara Saleiro e Manuel Alcaraz Clemente
"Differenz - Wiederholung - Transformation (Diferença - Repetição - Transformação)"

26 Set | Sáb | 18:00
Teatro Municipal de Vila do Conde — Salão Nobre
Música — Estreia Absoluta

M/6 | 60' | 5 €

“Differenz - Wiederholung - Transformation” apresenta três peças representativas da estética do Noviga Projekto. Ritmos quebrados e sons delicados da flauta escondidos num forte trémolo de prato levam o público a uma abordagem muito particular do repertório para flauta e percussão.
O Noviga Projekto apresenta peças de Giacinto Scelsi, Bernhard Lang e a estreia mundial da nova versão de “4 Türkische Becken” de Peter Ablinger, especialmente escrita para quatro pratos em particular. As três peças interligam-se por diferentes improvisações.
— Noviga Projekto

Programa

Bernhard Lang (1957)
Differenz / Wiederholung 21 “…and we just keep on pretending…” (2010)

Giacinto Scelsi (1905-1988)
Hyxos (1955)

Peter Ablinger (1959)
4 Türkische Becken (versão 2018 – estreia mundial)

www.soundcloud.com/novigaprojekto
www.clarasaleiro.com
www.manuelalcarazclemente.com

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Filipe Pereira © Ana Viotti | Volmir Cordeiro e Marcela Santander Corvalán © Alain Monot

Filipe Pereira
"Arranjo Floral"

26 Set | Sáb | 21:00
Auditório Municipal de Vila do Conde
Performance

M/12 | aprox. 75' | 5 €

O coreógrafo e bailarino Filipe Pereira apresenta ARRANJO FLORAL, uma conferência-performance sobre um artista nascido em Fátima, entre procissões gigantescas, arranjos de flores e lojas de souvenirs religiosos. Um percurso que nos leva através de uma biografia que vai da fé ao ateísmo, da virgindade ao despertar sexual, da arte das flores à arte da dança e vice-versa. Acompanhado por flores, coreografias e histórias, Filipe deixa-nos a pensar sobre quanto do nosso passado está em tudo o que fazemos, quanto do nosso destino está escrito e quanto está nas nossas mãos.

www.antese.pt

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Volmir Cordeiro e Marcela Santander Corvalán     
"Época"

26 Set | Sáb | 22:30
Teatro Municipal de Vila do Conde — Sala 1
Dança — Estreia Nacional

M/16 | 45' | 5 €

Feitas de êxtase, de prazer, de gozo, de subversão, de lascívia, de susto, de extravagância e de alegria, as danças às quais nos apegamos requerem uma intensa capacidade em passar de um humor a outro e de inventar imaginários insolentes. Sem deixar de lado as exigências de desarticular, desarmar e chacoalhar o corpo, cada dança trabalha no sentido de evidenciar uma emoção. Um programa de faculdades imaginárias é criado para tornar visível presenças específicas, naturezas de relação com o público variadas e modos de sentir interdependentes.

Época é um estudo pontuado por danças nas quais uma certa maneira de representar o poder de gestos disformes, em cena, foi uma questão importante para mulheres artistas do século vinte. Em palco, começamos por ler descrições de danças feitas pelas suas criadoras, e recusamos o recurso a filmes, vídeos e fotografias. Depois, transformamos livremente as descrições em partituras para danças curtas. Uma vez tornadas ficção, as partituras transformam-se em gestos incarnados e começam a criar danças autónomas dos primeiros textos que lhes predeterminaram. Apoiando o projeto na potência da palavra e na sua capacidade intrínseca de invenção do gesto dançante, estas danças dão a ver uma história de defasagem entre os intérpretes como prolongamento de uma defasagem entre os tempos, as palavras e as sensações, o teatro e a nostalgia.

Época designa assim uma categoria qualitativa e não cronológica, na qual elementos de interpretação são postos em jogo para activar uma história íntima e viva, quem sabe perdida ou esquecida no passado simbólico dos nossos percursos como artistas. A dança é aqui tomada como um meio bruto e directo de visitar e avivar um arquivo que não pára de procurar nos nossos presentes as suas vitalidades insistentes. Época investiga a magia do enigma, do mistério, da força do instante e da sua renovação assídua como fundamento do movimento performado.

Época é constituída pelas seguintes danças: A subversão de 1920, O susto de 1929, A extravagância de 1926, O mistério de 1996, A conquista de 2001, A vertigem de 1968, A dominação (data desconhecida), A euforia de 1925, A crença de 1965, A ressureição de 1973, O vício de 1922, A lascívia de 1917, O gozo de 1927 e O êxtase de 1920, O transbordamento de 2015.

— Volmir Cordeiro e Marcela Santander Corvalán

volmircordeiro.com/volmir
youtube.com | Volmir Cordeiro
manakinprod.fr/artists/volmir-cordeiro

Teasers
vimeo.com/137818474
vimeo.com/137818473

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Bilhetes e Reservas
www.circularfestival.com


Informações
www.circularfestival.com
info@circularfestival.com

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www.instagram.com/circularfestival

 

 

Lançamento do jornal Coreia #3
com apresentação de João dos Santos Martins (editor) e a participação especial de Daniel Pizamiglio

27 Set | Domingo | 18h00
Espaço Alkantara - Calçada Marquês Abrantes 99, Lisboa

Reserva obrigatória: https://forms.gle/WMVcqJEKtNynBg599
Espaço sujeito a lotação | O uso de máscara é obrigatório | 60 minutos

www.coreia.pt

 

 

Apoios Circular Festival

 

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