A Vertigem da Razão
Vinicius Massucato (BR/PT)
Teatro
Auditório Municipal de Vila do Conde29 Set. (Sex.) | 21:00
Estreia Absoluta
M/18 | duração aprox. 70 min. | 5 €
A sessão será seguida de uma conversa com Eduarda Neves
Sessão com Língua Gestual Portuguesa
M/18 | duração aprox. 70 min. | 5 €
A sessão será seguida de uma conversa com Eduarda Neves
Sessão com Língua Gestual Portuguesa
A razão, maior expressão da época moderna. Foi perdida a interlocução entre o humano e o sagrado e os de espírito fraco, os loucos desordeiros do coração como Marquês de Sade e todos aqueles que desagradam a mentalidade burguesa capitalista em ascensão no início da época moderna, que ainda hoje possui o poder de instituir o real, serão excomungados do mundo social, e então, condenados às exigências da razão. É muitíssimo estreita a margem que separa o louco do artista. Disse Jean Genet que há um parentesco entre uma flor e um criminoso. E é assim que o artista e o louco são irmãos: o artista viola a lei da vida mediante um ato poético que nasce da mesma profunda ferida que aterroriza o louco.
— Vinicius Massucato
Abram os cadáveres
A Vertigem da Razão
Primeiro capítulo da Trilogia do Poder por Vinicius Massucato
Nicolas Andry - A ortopedia ou a arte de prevenir e corrigir, nas crianças, as deformidades do corpo, 1749
Penso, logo não sou louco. Se sou louco, então não posso pensar. O Cogito Cartesiano inaugura a época moderna, e com ela são erguidos os primeiros hospitais psiquiátricos. É o momento do grande enclausuramento. Será condenado tudo aquilo que aparece como estrangeiro aos olhos de uma razão moral: o doente venéreo, a prostituta, o vagabundo, o preguiçoso, o homossexual, o artista desordeiro do coração. E o tratamento dado a esses “loucos” tem mais a ver com repressão do que com assistência, essa é uma nova ordem da repressão que se encontra entre a polícia e a justiça como já nos alertou Michel Foucault na sua História da Loucura na Época Clássica de 1961. Trata-se de retirar de cena aquilo que é considerado negativo, irracional e perigoso porque associal.
Cada época concede as suas cores à época seguinte. A Idade Média dissolve-se no Renascimento, e a historiografia modifica-se. A razão, expressão maior da Época Moderna, proscreveu toda a experiência terrível. Vivemos até hoje numa sociedade que nega a experiência trágica, numa cultura que rejeita a sua parte maldita. A existência, no entanto, possui uma ferida impossível de ser curada como deseja o Humanismo.
Esta Trilogia do Poder procura fazer uma crítica da razão e pesquisar sobre o processo histórico de dominação que criou um corpo dócil, obediente e produtivo. Um corpo no qual o poder político investe para maximizar suas forças. O artista e o louco são irmãos, ele é o outro lado da sociedade, o seu lado errante, que resiste à voz da razão que tudo corrói, e o teatro é o lugar onde podemos vivenciar o lado obscuro da vida. Mas para fazer essa crítica não basta apenas observar, é preciso abrir alguns cadáveres.
Ideia original / Direcção e Interpretação: Vinicius Massucato | Com: Ucla Botelho, Joana Cristela | Assistência de Direção: Miguel Ângelo Ferraz | Desenho de Luz: Pedro Abreu | Som: Inês Neves | Agradecimentos: Marta Soares e Antonio Farinaci, Adriano Costa, Helvécio Ratton, ESAP (Escola Superior Artística do Porto) | Co-produção: BCN – Ballet Contemporâneo do Norte | Projeto apoiado no âmbito Programa Reclamar Tempo – Pesquisa e Investigação Artística do Campus Paulo Cunha e Silva – Teatro Municipal do Porto – Rivoli | Apoio à residência: CRL - Central Elétrica
Agradecimentos Circular: Bombeiros Voluntários de Vila do Conde
Vinicius Massucato (São Paulo - Brasil, 32 anos, ator). Começou no teatro sob a direção de José Celso Martinez Corrêa. Trabalhou com diversos artistas de destaque na cena contemporânea das artes visuais brasileira como Erika Verzutti e Leda Catunda. É estudante de Filosofia, vive e trabalha em Portugal desde 2016. Colaborou com artistas portugueses e internacionais como João Sousa Cardoso, Ballet Contemporâneo do Norte e Angélica Liddell.
— Vinicius Massucato
Abram os cadáveres
A Vertigem da Razão
Primeiro capítulo da Trilogia do Poder por Vinicius Massucato
Nicolas Andry - A ortopedia ou a arte de prevenir e corrigir, nas crianças, as deformidades do corpo, 1749
Penso, logo não sou louco. Se sou louco, então não posso pensar. O Cogito Cartesiano inaugura a época moderna, e com ela são erguidos os primeiros hospitais psiquiátricos. É o momento do grande enclausuramento. Será condenado tudo aquilo que aparece como estrangeiro aos olhos de uma razão moral: o doente venéreo, a prostituta, o vagabundo, o preguiçoso, o homossexual, o artista desordeiro do coração. E o tratamento dado a esses “loucos” tem mais a ver com repressão do que com assistência, essa é uma nova ordem da repressão que se encontra entre a polícia e a justiça como já nos alertou Michel Foucault na sua História da Loucura na Época Clássica de 1961. Trata-se de retirar de cena aquilo que é considerado negativo, irracional e perigoso porque associal.
Cada época concede as suas cores à época seguinte. A Idade Média dissolve-se no Renascimento, e a historiografia modifica-se. A razão, expressão maior da Época Moderna, proscreveu toda a experiência terrível. Vivemos até hoje numa sociedade que nega a experiência trágica, numa cultura que rejeita a sua parte maldita. A existência, no entanto, possui uma ferida impossível de ser curada como deseja o Humanismo.
Esta Trilogia do Poder procura fazer uma crítica da razão e pesquisar sobre o processo histórico de dominação que criou um corpo dócil, obediente e produtivo. Um corpo no qual o poder político investe para maximizar suas forças. O artista e o louco são irmãos, ele é o outro lado da sociedade, o seu lado errante, que resiste à voz da razão que tudo corrói, e o teatro é o lugar onde podemos vivenciar o lado obscuro da vida. Mas para fazer essa crítica não basta apenas observar, é preciso abrir alguns cadáveres.
Ideia original / Direcção e Interpretação: Vinicius Massucato | Com: Ucla Botelho, Joana Cristela | Assistência de Direção: Miguel Ângelo Ferraz | Desenho de Luz: Pedro Abreu | Som: Inês Neves | Agradecimentos: Marta Soares e Antonio Farinaci, Adriano Costa, Helvécio Ratton, ESAP (Escola Superior Artística do Porto) | Co-produção: BCN – Ballet Contemporâneo do Norte | Projeto apoiado no âmbito Programa Reclamar Tempo – Pesquisa e Investigação Artística do Campus Paulo Cunha e Silva – Teatro Municipal do Porto – Rivoli | Apoio à residência: CRL - Central Elétrica
Agradecimentos Circular: Bombeiros Voluntários de Vila do Conde
Vinicius Massucato (São Paulo - Brasil, 32 anos, ator). Começou no teatro sob a direção de José Celso Martinez Corrêa. Trabalhou com diversos artistas de destaque na cena contemporânea das artes visuais brasileira como Erika Verzutti e Leda Catunda. É estudante de Filosofia, vive e trabalha em Portugal desde 2016. Colaborou com artistas portugueses e internacionais como João Sousa Cardoso, Ballet Contemporâneo do Norte e Angélica Liddell.