share facebook share facebook

Partilhar

Voltar

Voltar

  • MO_AND still webserie © Patrícia Araújo

  • MO_AND still documentário © Inês T. Alves

  • Entre-nós WS AND Brasília 2019 © DR

  • Triagem da Tralha - Residência Do Irreparável Latoaria 2018 © DR

  • Entre-Muites Lab Rio #1 2018 © DR

Modo Operativo AND: performar o comum

de/com Fernanda Eugenio

Oficina

Centro de Documentação José Régio

28 Set. (Sáb.) | 14:00-18:00 
29 Set. (Dom.) | 14:30-17:30 

Preço do workshop: 15 €
Inscrição prévia: [formulário]

Público-alvo: Estudantes do ensino superior ou profissional, nomeadamente de áreas ligadas às artes performativas. Outros estudantes ou profissionais que tenham interesse em desenvolver os seus processos criativos. Artistas ligados a diferentes áreas mas com interesse em performance e colaboração. Público em geral, sem experiência performativa, mas com interesse em adquirir ferramentas práticas de pensamento e de colaboração a partir do Modo Operativo And.
O Modo Operativo AND (MO_AND) é uma metodologia para a investigação das relações e da reciprocidade, assente no compromisso radical de “reparar (n)o Irreparável".
A ética praticada pelo MO_AND pode sintetizar-se no exercício do Re-parar: parar de novo, fazer o inventário-invenção do possível a cada vez, e efectuar a reparação através do cuidado-curadoria duracional das relações.
Através de exercícios práticos que colocam num mesmo plano o pensar e o fazer, o Modo Operativo AND permite a investigação directa e experiencial dos mecanismos singulares e colectivos da convivência, propondo ferramentas concretas para potenciar processos de colaboração, co-aprendizagem e negociação da convivência. Permite perceber padrões comportamentais e tendências relacionais, contribuindo para o desenvolvimento de capacidades de auto-regulação emocional, de auto-gestão da atenção (selecção, focalização e coordenação dos estímulos), e de consequentes tomadas de decisão e respectiva performação.
O MO_AND é partilhado através da interface de um 'jogo de tabuleiro' que define uma zona de atenção colectiva, e da manuseamento simultâneo de uma colecção de objectos, identificados como lixo, tralha ou desperdício, normalmente encontrados abandonados, em desuso, partidos, descartados ou obsoletos. São os restos e vestígios da cultura de consumo hegemónica e da destruição que as sociedades-natureza humanas estão cumulativamente a deixar no mundo, devorando a vitalidade do corpo-soma coletivo. Em cada um destes pequenos vestígios está a totalidade da sociedade e das suas dinâmicas, de modo que a tralha transporta muitos ensinamentos sobre as modulações da irreparabilidade, de forma crua e directa, e sobre as formas possíveis de a reparar.
Neste jogo não há regras preestabelecidas mas sim regras imanentes, que emergem do próprio jogar, ou seja, do co-posicionamento e da co-responsabilização de quem participa. 
É uma prática transversal e sem pré-requisitos, partilhada em oficinas, escolas e laboratórios abertos à participação de qualquer pessoa interessada em estudar, de modo vivencial, as (micro)políticas implicadas na operacionalidade e na sustentabilidade do viver-juntes, bem como a praticar a criatividade noutros termos: deslocada do registo autocentrado e expandida em inventividade divergente e eticamente comprometida com a justeza.





Protótipos de Encontro
O workshop decorre no âmbito do projecto Protótipos de Encontro que pretende, a partir das práticas artísticas, repensar modos de organização e de participação numa sociedade plural. Criando espaços de experimentação prática, residências e laboratórios performativos, o projecto tem como objectivo testar materialmente formas de cooperação dentro e fora da produção artística. Apesar de mais associada ao design ou ao mundo digital, a palavra protótipo é aqui entendida como uma possível forma de experimentação, convocada enquanto ferramenta metodológica, estabelecendo uma base de diálogo com colectivos de artistas, artistas individuais e investigadores convidados. Dando espaço a encontros programados e espontâneos, à imprevisibilidade e à possibilidade da falha, o fundamental será experimentar e testar em conjunto novos vocabulários, ecologias e configurações de práticas existentes ou por inventar. As relações de poder na vida quotidiana, a distribuição e desempenho de papéis na experiência colectiva, são alguns pontos de partida para problematizar configurações e modos de interação no espaço social.

Curadoria Protótipos de encontroJoclécio Azevedo | Produção: Circular Associação Cultural



www.and-lab.org

Fernanda Eugenio é artista, antropóloga, investigadora e educadora. O seu trabalho envolve pesquisa de campo, escrita, criação conceitual, intervenção social, práticas somático-espirituais e performance expandida (corpo, instalação, vídeo, fotografia e proposições situadas). Actua na construção de modos de fazer transversais para a com-posição relacional, o cuidado-curadoria íntimo e colectivo e a criação por re-materialização - nomeadamente através do Modo Operativo AND (MO_AND), metodologia de cunho ético-estético e somático-político, que criou e vem desdobrando desde os anos 2000, dedicada à prática co(m)passionada da presença, à sintonização com a experiência sensível da inseparabilidade e à pesquisa dos processos de emergência, trans-forma-ação e tomada de des-cisão, no entrelaçamento entre fazeres artísticos, processos participativos, política e espiritualidade. Fundou e dirige, desde 2011, a plataforma AND_Lab | Arte-Pensamento e Políticas da Convivência (com sede em Lisboa e núcleos no Brasil e em Espanha), uma estrutura artesanal de investigação artística, que opera no cruzamento entre as artes, o pensamento crítico, as práticas político-afetivas encarnadas e as pedagogias radicais, reunindo criadores comprometides com o exercício da arte enquanto reciprocidade que sustenta a vida (em) comum. É pós-doutorada (2012) pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa; doutorada (2006) e mestre (2002) em Antropologia Social pelo Museu Nacional - UFRJ, formada em Dança pela Escola Angel Vianna. No Brasil, foi Pesquisadora Associada do CESAP/IUPERJ/UCAM (2003-17) e Professora Adjunta de Ciências Sociais na PUC-Rio (2005-12). Nos últimos vinte anos tem actuado como professora convidada em diversos programas de formação em ciências sociais e humanas, artes e performance na Europa, EUA e América do Sul, tendo passado por mais de uma centena de instituições e tido o seu trabalho com o MO_AND estudado em dissertações de mestrado e teses de doutoramento nas mais diversas áreas de actuação, especialmente artes, psicologia, pedagogia, arquitetura e estudos culturais. A suas publicações, criações artísticas e colaborações circula(ra)m por Brasil, Chile, Argentina, Peru, Portugal, Espanha, Bélgica, França, Itália, Grécia, Alemanha, Áustria, República Checa, Reino Unido, EUA, Canadá, Nova Zelândia, Vietname e Filipinas.