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  • © imagem de imprensa relativa à actividade do Servico ACARTE
    da Fundacão Calouste Gulbenkian, circa 1985, jornal nao identificado.

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O arquivo como gesto #5 | que arquivos, como os imaginamos, porquê, para quem?

Ana Bigotte Vieira | Questões Práticas

Oficina

Centro de Documentação José Régio

17 Set (Sáb) + 18 Set (Dom) | 14:30-17:30

Inscrições 10 € [formulário de inscrição]
Público-alvo: Estudantes do ensino superior ou profissional, nomeadamente de áreas ligadas às artes performativas, programadores e gestores culturais, professores, público geral.


Nesta oficina, a pretexto de alguns episódios concretos relativos a arquivos de (ou em) artes performativas interroga-se memória, passado e presente bem como os suportes materiais e imateriais que constituem as suas dobras.

Para que a oficina seja mais participada pede-se aos participantes que enviem um parágrafo a explicar o seu interesse neste assunto e a dar conta de um exemplo concreto de arquivo que os interpele em particular.

Muitas vezes considerados repositórios mais ou menos seguros da memória, os arquivos estão intimamente ligados às narrativas e às lógicas que suportam a sua existência – narrativas e lógicas essas que frequentemente ajudam a legitimar. Neste sentido, pode olhar-se para os arquivos tanto em sentido lato (vendo, por ex., o corpo como arquivo como o fazem algumas práticas artísticas performativas contemporâneas), como em sentido comum (pense-se nos arquivos gerais das instituições) ou no arquivo, em geral (pensando-o de acordo com uma tradição classificatória e epistemológica), como uma série de práticas ou de gestos. O que é ou deve ser arquivado? Porquê? Para quê? Por quem? Para quem? Quais são as implicações políticas de criar ou trabalhar com um arquivo? Com que questões e escolhas se confronta um artista ou um investigador ao trabalhar com um arquivo, ou ao construir um?

Tendo como ponto de partida a noção de arquivo como gesto, procura-se nesta oficina discutir alguns textos-chave nos debates recentes sobre as relações entre arquivo e memória, para com isso problematizar alguma produção artística que ao longo dos últimos anos se tem debruçado sobre estas questões – redefinindo com isso a própria forma de as colocar. Serão discutidos textos de Foucault, Derrida, Deleuze, Baudrillard and Hal Foster colocando-os em relação com estudos sobre a transmissão performativa da memória realizados por autores como Enzo Traverso, Diana Taylor, Paul Connerton and Joseph Roach.

Do Arquivo Como Gesto #5 faz parte de uma série de oficinas, frequentemente colaborativas, em torno da questão da memória e dos usos performativos do arquivo. As edições anteriores tiveram lugar na escola ZHdk, em Zurique, com Sandra Lang e Pedro Lagoa (2013), no âmbito do Curso Experimental em Estudos de Performance do baldio, em Lisboa, com Paula Caspão e Ana Riscado (2016), no FITEI no âmbito do ciclo Isto Não é Uma Escola, e na Escola de Verão Unfinished, a convite do artista Rogério Nuno Costa.

Parceria: ESMAE



Questões práticas

O ciclo “Questões práticas” configura-se em torno de encontros, conversas e performances que pretendem dar a conhecer práticas de investigação, escrita, performance, pensamento e transmissão de conhecimento. Cada encontro funciona como um exercício de activação do imaginário social, poético e político dos participantes e dos convidados, procurando intersecções entre práticas artísticas e não artísticas. Organizado em torno de momentos separados no tempo, mas articulados entre si, este ciclo utiliza diferentes formatos de apresentação e protocolos de participação, promovendo o envolvimento e o cruzamento de públicos com interesses diversificados.

Coordenação Questões Práticas
: Joclécio Azevedo | Iniciativa no âmbito do Programa Educativo da Circular Associação Cultural

* Joclécio Azevedo é Artista Residente da Circular Associação Cultural

Ana Bigotte Vieira
faz parte da equipa do Teatro do Bairro Alto como programadora de discurso. Licenciou-se em História Moderna e Contemporânea (ISCTE), especializando-se em Cultura Contemporânea (FCSH-UNL), e em Estudos de Teatro (UL). Foi Visiting Scholar na NYU de 2009 a 2012. É co-fundadora de baldio | Estudos de Performance e dramaturgista. A sua investigação tem incidido sobre a relação entre experimentalismo nas artes e as transformações culturais e urbanas na segunda metade do século XX. A sua tese de doutoramento sobre o Serviço ACARTE da Fundação Calouste Gulbenkian recebeu uma Menção Honrosa Prémio Mário Soares 2016. Foi bolseira no projecto ERC TKB / Transmedia Knowledge Base for the Performing Arts, e presentemente desenvolve com o coreógrafo João dos Santos Martins um projecto de historicização colectiva da dança em Portugal intitulado Para uma timeline a haver: genealogias da dança como prática artística em Portugal, sendo co-IR do projecto FCT coordenado pela professora Maria João Brilhante Archiving Theatre que, entre outros, levará a cabo uma primeira indexação do espólio do Teatro da Cornucópia. Traduziu vários autores, sobretudo de teatro e filosofia, como Luigi Pirandello, Spiro Scimone, Annibale Ruccello, Giorgio Agamben e Maurizio Lazzarato. É Co-IR do projecto do centro de Estudos de Teatro Archiving Theatre, financiado pela FCT.

Joclécio Azevedo (Brasil, 1969). Vive no Porto desde 1990. Os seus trabalhos atravessam diferentes disciplinas artísticas, tendo-se dedicado mais intensamente à criação coreográfica a partir de 1999. Participa regularmente em projectos de criação e investigação, desenvolvendo colaborações e integrando residências artísticas em diversos contextos, dentro e fora do país. Foi director artístico do Núcleo de Experimentação Coreográfica entre 2006 e 2011. É membro da direcção plenária da GDA desde 2008 e foi membro do Conselho de Curadores da Fundação GDA de 2010 a 2017. Artista residente da Circular Associação Cultural, a partir de 2012, tendo produzido neste contexto uma série de projectos individuais ou em colaboração com outros artistas Cuidados Intensivos (2013), Inacabado (2013), Relações públicas (2017) ou Modos de Usar (2018), entre outros. Desde 2013, participa regularmente como formador no FAICC – Formação avançada em interpretação e criação coreográfica da Companhia Instável. Em 2016 trabalhou como assistente convidado no Curso de Especialização em Performance na FBAUP. Colabora, desde 2016, com o grupo Sintoma – Performance, Investigação e Experimentação, orientado por Rita Castro Neves e desenvolvido pelo i2ADS Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.