O Circular Festival de Artes Performativas comemora em 2024 a sua 20.ª edição, um número redondo e simbólico, assinalado por um programa alargado e diverso composto por múltiplas e diferenciadas vozes, onde haverá espaço para o encontro, para a partilha e reflexão.
Motiva-nos um olhar prospectivo, mais do que retrospectivo, e a possibilidade de continuar a trilhar trajectórias comuns de descoberta e aprendizagem.
O programa multidisciplinar estende-se em vários sentidos e formatos, constituído por distintas narrativas artísticas, configurando, por sua vez, uma ampla abrangência de temas, inquietações e formas de questionar o real. Assente na diversidade de expressões e géneros, nas distintas autorias e experimentação, e também no ano em que celebramos 50 anos de democracia, procuramos, através destas visões plurais, questionadoras e atentas à complexidade do nosso tempo, compreender e interrogar a realidade e atribuir-lhe renovados sentidos.
No programa do Circular propomos espectáculos, performances, workshops participativos, conversas, concertos e exposições que se revelarão de 19 a 29 de Setembro.
Na abertura do festival, apresentamos a remontagem de Holofáutico de Daniel Moreira e Rita Castro Neves nos Estaleiros Navais de Azurara, no âmbito do projecto Microcidades. Propõem um novo percurso performativo neste contexto de construção naval, que é uma das actividades que caracterizam a região vilacondense.
Em estreia nacional dois espectáculos de dança: The Dancing Public da coreógrafa dinamarquesa Mette Ingvartsen, uma peça que nos incita a dançar e acentua a dimensão social da dança em colectivo; em g r oo v e, Soa Ratsifandrihana convoca-nos para a sua herança malgaxe e convida-nos a apreciar o elementar prazer que advém de acto de dançar.
Em parceria com a Solar Galeria de Arte Cinemática, apresentamos um programa com a artista e cineasta Ana Vaz, que inclui a exposição “O que aconteceu ainda está porvir”, a leitura performativa Lysboa, Paraguay e exibição de filmes, abordando de forma crítica as relações entre o mito e a história colonial. Paralelamente, a artista Isadora Belletti inaugura no projecto Cave a exposição Espaço para dia sem sol.
Faremos o lançamento de mais um Jornal Coreia #11, número editado em parceria com o festival catalão, Sâlmon. Sónia Baptista apresenta o singular e divertido Sweat Sweat Sweat, uma peça autobiográfica em que brinca com o envelhecimento e com as mudanças provocadas no corpo e espírito.
Não faltará na abertura um momento festivo e recheado de boa música, animado pelo DJ Set de Alfredo e Né da banda Sensible Soccers.
Dezasseis anos passados desde a apresentação de The Curator´s School, Rogério Nuno Costa regressa à ESMAD, com Multiversidade, uma meta-escola, não convencional, que se desdobra em laboratório experimental e performance. Ana Rocha e Gio Lourenço desenham, a convite do Circular, um percurso nas ruas de Vila do Conde em Toda a Gente Vai, recorrendo ao gesto, à voz e texto, sobre as (in)certezas na (des)humanidade no humano; Joclécio Azevedo remonta a peça criada em 2003, Apesar das Evidências, e devolve-nos uma versão retrabalhada com outro corpo e outro tempo.
No domínio musical apresentamos Clara Saleiro e Mariana Dionísio, numa improvisação entre voz e flauta, a partir de uma peça da compositora Kate Soper; Supernova Ensemble criam em Stage Vitrine um diálogo musical com obras do pioneiro artista visual e performer Silvestre Pestana. Ocasião também para o lançamento do álbum ON/OFF, gravado ao vivo há um ano no Circular; Gil Mac e Henrik Ferrara investigam sobre a história da música electrónica e propõem um imersivo espectáculo multidisciplinar em Pleasure Drone; Drumming GP apresenta Time Poetries, do compositor Carlos Guedes, um percussivo e vibrante concerto para assistir no encerramento do festival no Largo do Convento do Carmo.
Fernanda Eugenio orienta a oficina Modo Operativo And assente numa ética de cuidado e reparação. Conversaremos também sobre arte e educação no programa A Arte e a Educação como Lugares de Vida - Os Artistas e os Professores como Complicadores, programado por Magda Henriques com os oradores José Pedro Serra, Jorge Ramos do Ó e Cláudia Dias.
Patente no foyer do Teatro Municipal estará uma exposição de fotografias que assinalam as 20 edições do Circular, com registos de espectáculos que passaram pelo festival de 2005 a 2023.
Propomos uma edição onde haja lugar para a difusão de ideias e conhecimento, a activação de imaginários e outras realidades possíveis e alargadas.
O convite é sempre renovado. Desejamos a todos/as um bom festival!
— Dina Magalhães
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